House of the rising sun

13:29

Ela virou o disco e colocou a música que ele mais gostava. Voltou dançando com os pés descalços no chão e sentindo o frio do piso lhe arrepiar a espinha. Ele observava tudo atento, debaixo de um cobertor rasgado e perfumado pelo aroma a dois. Ela sorriu e o chamou pra dançar. Antes de aceitar o pedido, ele olhou pela janela e admirou o entardecer. Ainda era outono e as folhas caíam. Ele sorriu, se levantou e foi até ao encontro dela. A música cantava suavemente no toca discos antigo que encontraram no porão. Cada nota melodiando lentamente o encontro daqueles corpos sedentos. Ele a abraçou e os dois, enfim, começaram a dançar, rodopiar, se expandir. Fizeram daquela sala seu altar, sua pista, sua vista pro mar. Eles não conseguiam parar. Se jogavam em meio aos acordes, sorrindo um para o outro como duas crianças que juram amizade eterna. Se deliciavam em perceber que a chuva que caía la fora não podia os alcançar, não podia os impedir, não podia os acordar. Depois de mais alguns rodopios, a música ditou o fim e o silêncio tomou a sala. Foi quando, num beijo, os dois erraram o passo e decidiram voltar ao aconchego do sofá.

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